quinta-feira, 28 de abril de 2011

Casa do Barão do Rio Branco - Tratado de Petrópolis

O Imaginário está de volta a Porto Velho - RO, depois da residência artística/encontro presencial com a Cia Será o Benidito? no Rio de Janeiro! Como continuidade da pesquisa cênica: oralidade e cameloturgia, um dos destaques desse encontro foi a visita à cidade de Petrópolis, no dia 19/04, onde conhecemos a Casa do Barão de Rio Branco.

Nessa Casa foi assinado o Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903, entre Brasil e Bolívia. O Tratado resultou na incorporação do território do Acre ao Brasil, e esse, em troca, se obrigou a construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, entre outras obrigações... Milhares de trabalhadores vieram a Rondônia para tal feito e assim começa o nosso caminho pela pesquisa da Oralidade.

A Casa hoje funciona como uma escola, o CES Petrópolis - Centro de Estudos Supletivos e fica na Av. Barão do Rio Branco, 279, Centro. Ainda estão conservados alguns prédios do imóvel, enquanto outras partes foram construídas depois.


Casa do Barão de Rio Branco - Petrópolis (RJ)
 





quinta-feira, 14 de abril de 2011

Primeiro encontro: O Imaginário no Rio de Janeiro

O grupo rondoniense O IMAGINÁRIO viaja para o Rio de Janeiro para uma residência artística/encontro presencial com a “Cia Será o Benidito?”, no período de 15 a 26 de Abril. O encontro entre os dois coletivos terá como foco a continuidade da pesquisa cênica: oralidade e cameloturgia, selecionado pelo Instituto Itaú Cultural – Rumos de Teatro 2010-2012.
 
O projeto: "A Oralidade e a Cameloturgia – uma pesquisa cênica do Porto ao Rio" constitui de uma ação em conjunto dos grupos: O Imaginário, de Rondônia, e a Cia. Será O Benidito?! do Rio de Janeiro. A intenção é promover trocas e em seguida fazer uma fusão dos dois estudos, canalizando toda a experimentação, as vivências, os estudos e as pesquisas no sentido de fortalecer e estabelecer um diálogo capaz de instaurar um processo criativo e cênico.

A pesquisa cênica envolverá prática de criação, de formação e de pesquisa histórica baseada na oralidade e de sistematização de processos dramatúrgicos da cameloturgia. 
O projeto terá dois encontros presenciais, sendo um no Rio de janeiro, no período de 15 a 26 de Abril e outro em Porto Velho, no período de 12 a 22 de Maio e ainda uma demonstração no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo, no período de 26 de Agosto a 04 de Setembro de 2011.

O Projeto terá como base de estudo:
- No Porto (menção ao Porto de Santo Antônio do Madeira, no início da Construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e do surgimento de Porto Velho). Realizar estudo e pesquisa cênica que tem como foco as narrativas e as memórias, buscando na oralidade: as crenças, os costumes e os traços culturais de diferentes tempos, a partir de fatos históricos, e da importância da presença dos trabalhadores de diversas etnias (nacionalidades), no período da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, dando um sentido humano e universal, transformando o drama e as ações humanas da realidade social da época em composição de ações físicas e poéticas para finalização em um texto inédito para encenação/montagem ou divulgação pública, para ampliar a produção e a difusão e ainda o fortalecimento do trabalho de teatro de grupos.
 
- No Rio (menção à Cidade do Rio de Janeiro). Realizar estudo e pesquisa cênica que tem como foco a Cameloturgia: A Cena e o Chapéu, com base no camelô de rua e na dramaturgia popular. Além de relacionar a cameloturgia a tradição milenar do “Chapéu”. O roteiro, a dramaturgia fragmentada e de improviso dos camelôs é a dos artistas de rua e da cultura popular. O Cameloturgo é o dramaturgo das suas histórias e de sua arte popular, assim como os eternos e atraentes bordões, verbetes, brados e trovas dos feirantes. Culminando na criação de um texto inédito construído para encenação/montagem ou divulgação pública.
 
Em Petrópolis um encontro com a origem de nossa história
Serão várias atividades na cidade do Rio de Janeiro, entre elas uma visita ao Museu Imperial, em Petrópolis, cidade onde foi assinado o “tratado de Petrópolis”. O Tratado de Petrópolis, assinado em 17 de novembro de 1903 pelo BARÃO DO RIO BRANCO e ASSIS BRASIL, foi aprovado por lei federal de 25 de fevereiro de 1904, regulamentada por decreto presidencial de 7 de abril de 1904, incorporando o Acre como território brasileiro. Pela anexação do território do Acre o Governo Brasileiro se comprometeu em construir a Ferrovia (Estrada de Ferro Madeira Mamoré) e a ponte sobre o rio Mamoré criando uma saída para a exportação dos produtos da Bolívia pelo Oceano Atlântico.
 
Em busca de fatos e imagens dos nossos antepassados
O Imaginário, através de seu núcleo de pesquisadores, vem fazendo uma varredura na região para descobrir fatos de interesse para a pesquisa. No ano passado, em novembro, uma viagem pelas águas em 30 dias de barco, de Porto Velho a Manaus, buscando em cada localidade ao longo do Rio Madeira fragmentos deixados pelos trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Foi uma viagem instigante e os objetivos foram as sensações e as emoções sentidas pelos trabalhadores, valendo-se da sensorialidade e das experimentações.
 
Os trilhos da Estada de Ferro são veias para a vida da investigação, percorremos vários quilômetros, visitamos cemitérios e buscamos nas fontes bibliográficas e nas oralidades dos remanescentes dos trabalhadores um sentido para nossa pesquisa. 
 
Visitamos os Museus em Manaus, Guajará-Mirim e Rio de Janeiro, conversamos com historiadores e sempre estamos passeando pelo passado. 

Sobre o Programa Rumos Itaú Cultural Teatro
A primeira edição do Rumos Itaú Cultural Teatro tem como finalidade promover um intercâmbio entre teatros de grupo de todas as regiões do Brasil, contribuindo para a articulação desses coletivos e para o desenvolvimento de pesquisa na área teatral.
Para acompanhar esses processos, cada projeto terá um blog com o objetivo de apresentar a pesquisa, o seu contexto, os procedimentos etc., além de assumir a função de registro, os dois grupos manterão o blog: http://oralidadecameloturgia.blogspot.com/
Espera-se que sejam arquivos vivos que incitem o pensar, o buscar e o dialogar. Talvez discursar sobre uma construção não seja tarefa fácil, portanto esses blogs devem ser entendidos como lugar de experimentação.
 
O projeto é totalmente patrocinado pelo Instituto Itaú Cultural Rumos Teatro e a residência artística no Rio de Janeiro recebe importantes apoios como da Fundação Nacional de Artes – Funarte, Casa Pascoal Carlos Magno/Teatro Duce, SECEL e SEMED.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma Aventura Fotográfica

O Imaginário esteve em Manaus - AM e visitou o museu que guarda livros, fotos e outros registros históricos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, dos trabalhadores em serviço, dos primeiros trilhos sendo colocados...


"Os construtores de ruínas ou morte e progresso"





"Dana Merrill, o exímio fotógrafo nova-iorquino, já sabia, decerto, quando desembarcou em Porto Velho, em 1909, da verdadeira saga que seria registrar, em imagens por ele fixadas, os cenários, personagens e ações de um drama único: o trabalho de construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, nos extremos da Amazônia Ocidental Brasileira."

Livro "Estrada de Ferro Madeira-Mamoré"

sábado, 9 de abril de 2011

"Nos Trilhos da E.F.M.M."

Caminhar pelos trilhos da velha EFMM é como relembrar de algo que não se viveu, traz uma sensação de que algo estivesse apenas adormecido, é como se flashes de memória com imagens de época viessem em dados momentos, nos remetendo a impressão de tudo aquilo estivesse vivo. Olhando para os velhos dormentes dos trilhos e comparando a idade dos mesmos até parace que resistem ao tempo como se não quisessem ser esquecidos, como se implorassem para que os homens não os deixassem se apagarem no tempo, dá pra sentir que tudo aquilo que se vê conservado através do tempo, é protegido por alguma força que habita aquela região que um dia foi cenário de muitas conquistas e também de muitas dores, mortes, tristezas, desesperos… não se pode ter idéia do que acontecera ao longo da construção da estrada de ferro, contudo pode-se sentir uma energia muito forte que não habita ali por acaso.

Observando a quantidade de ferro e madeira que foi aplicada na construção da E.F.M.M., imagina-se a dificuldade enfrentada por aqueles homens em uma época sem muita tecnologia, onde a força bruta era o principal combustível para a construção, em meio às doenças que assolavam àquelas pessoas, eles foram verdadeiros heróis. Hoje não se consegue imaginar carregar aquela quantidade de material simplesmente na força física.

Isaias Sidnei de Oliveira


"O Passeio de Pesquisa"

No domingo, dia 13 de Fevereiro de 2011, tive a oportunidade de conhecer um pouco mais da história de nosso Estado,  a maravilhosa E.F.M.M.  Começamos  o passeio na Praça da Estrada onde constatamos que apesar  dos anos  que passaram,  a Ferrovia é e sempre será uma gigantesca lembrança  patrimonial e humanística de pessoas que deram suas vida  pra que hoje o Estado pudesse estar se desenvolvendo.

Ao longo do passeio, constatamos alguns descasos que já estamos cansados de saber, denunciados  constantemente pela mídia, tais como a ação de vândalos, a falta de manutenção e a ação do tempo. O passeio foi emocionante, pois apesar de outras vezes feito o mesmo percurso, nunca tinha parado para ver e sentir a inigualável  sensação de energia, algumas ruins, outras boas, e uma imensidão de vestígios da história que por sinal deveriam ser preservados, e não são.

Tive o imenso prazer de conhecer um Senhor que vivenciou a construção da E.F.M.M, cansado pelo peso da idade, mas alegre por ter cumprido uma missão de ser durante longos anos o maquinista do trem, levando e trazendo o sonho de vidas melhores. Pessoas como ele que vivem até os dias de hoje têm o nosso mais sincero respeito, pois contribuiu muito para que o Estado pudesse estar se desenvolvendo. Pessoas como ele fazem parte de uma história viva que mais parece uma lenda, de tão sofrida e tão horrorizaste e que teve uma bela repercussão. Ao longo do caminho percebemos também que alguns tesouros muito valiosos se perderam com o descaso, e com isso posso assumir que a partir de hoje a preservação da história será uma “briga” minha.

Amauri Ribeiro Fernandes



quinta-feira, 7 de abril de 2011

“Voltar ao passado é progredir”

“Voltar  ao passado é progredir” — esta expressão, que tem se tornado proverbial, revela algumas vezes profunda verdade: em determinadas situações, por mais estranho que pareça, voltar ao passado significa progresso, não retrocesso. Ver aquele “Cemitério de Maquinas – Maria Fumaça”, abandonadas a beira de seus próprios trilhos,  da Ferrovia Madeira Mamoré, deterioradas pela ação do tempo, me fez repensar no Conceito de Vida. Vidas do Passado e Vidas do presente. Vidas que deram suas vidas por aquela construção, vidas que dão suas vida pra viverem ao longo  de uma Ferrovia abandonada. Qual seria a relação destas vidas? Será que prevalece ai o conceito da química, igual atrai o igual? Será que as energias do passado se fundem com a do presente, tornado um habitat ideal pra quem ali vive? Como esta “Pesquisa cênica do Porto ao Rio” está apenas iniciando-se, vamos ter tempo pra conviver com este mistério e tentar compreendê-lo um pouco melhor.

Cláudio Vrena.



domingo, 3 de abril de 2011

As Ruas do Rio de Janeiro no Século XIX



No inicio do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro era um dos maiores centros urbanos da America Latina. Dentro desses centros urbanos, as casas eram uma espécie de unidade de produção e consumo, onde grande parte dos objetos pessoais e de uso domestico eram fabricados nessas residências. A produção domestica era uma parte para consumo interno e parte do excedente para ser vendido. Grande parte dos objetos pessoais e de uso doméstico era fabricado na própria residência e o excedente para ser vendido nas ruas, pelos próprios escravos das casas. Tais escravos eram chamados de "escravos de ganho".




O comando das atividades ficava a cargo da mulher, a dona da casa. Era ela quem mantinha sob controle a limpeza da casa, a preparação dos alimentos, o comando das escravas, além de dirigir a indústria caseira. Era de grande variedade as mercadorias dos tabuleiros das escravas ou dos escravos - quitutes, bebidas, tecidos e toalhas bordadas – e eram quase sempre orientadas pelas senhoras donas da casa as vendas nas ruas. Os escravos de ganho atuavam no comercio ambulante e nas vendas alegrando a cidade com seus gritos e cantos seguidos de crianças que iam pelas ruas atrás das mães. Carregando em grandes cestas trançadas, tabuleiros de madeira ou caixas sobre as cabeças, escravos de ganho de ambos os sexos vendiam de tudo, “artigos de vestuário, romances e livros, panelas e bules, utensílios de cozinha, cestas e esteiras, velas, poções de amor, estatuas de santos, ervas e flores, pássaros e outros animais e jóias” (GRAHAM, 1988,141).




As ruas ficavam apinhadas de escravos que tentavam de todas as formas possíveis vender seus produtos. Os espaços públicos no Rio de Janeiro do século XIX funcionavam como pontos de convergência - espaços dinâmicos de suporte de artes performáticas. As praças e ruas tornavam-se pontos de encontros e facilitavam distintas formas de interação social entre seus freqüentadores habituais, os escravos. Tais espaços constituíam-se, segundo Brugger, a "base da estrutura e da identidade das primeiras cidades coloniais brasileiras", evoluindo para o acontecimento de "inúmeras formas de interação social" (BRUGGER, 2000). A chegada do peixe fresco ao mercado, as negras vendendo apetitosas frutas tropicais, o transporte de objetos nas carroças ou pessoas em cadeirinhas, pequenos intervalos roubados entre uma atividade e outra dão a medida da diversidade do meio urbano, verdadeiros locais de trabalho, passeios, encontros e performances.




Como uma performance do cotidiano urbano do povo que ocupava as ruas e circulavam com a venda de seus produtos, havia um tipo de canto na cidade que era bastante peculiar. Era o pregão dos vendedores ambulantes, uma espécie de propaganda dos produtos à venda, que anunciavam as mercadorias pelas ruas. No pregão, a performance consistia de cantos e gritos de melodias, em forma rimada, acompanhado ou não de tambor ou violão, verdadeiro jingle de publicidade. Às vezes, paravam para descansar, reunindo-se em torno de um cantor principal e cantando em grupo.




O barulho e as histórias da rua, as idéias e imagens de representação coletiva com suas origens e acomodações dentro do espaço público fascinavam os viajantes que pintavam freqüentemente seus trajes originais. Como define Brook, um verdadeiro "Teatro Rústico" ou, como prefiro nomear uma verdadeira Performance Urbana do Cotidiano, nem por isso menos espetacular. Nas ruas, três elementos marcavam e delimitavam o acontecimento desta Performance Urbana do Cotidiano: A repetição ou o lado mecânico do processo, rodas de cantos e danças que se formavam constantemente; a celebração, ou melhor, a representação que pode tornar presente tradições e mitos ancestrais dando-lhes vida; a assistência, uma platéia sempre participativa. Performances próximas do povo, que se retro alimentavam dele.



O Rio, a capital do Império e principal centro urbano da América do Sul neste período, produzia nas suas ruas música, canto e dança mesclada numa mistura de sons e movimentos, forjando um estilo brasileiro harmonioso e peculiar. A escravidão, nesse caso, era realmente uma cacofonia de tradições culturais ricas e híbridas e criando assim as formas diversas e espetaculares, a cultura da cidade Mas no século XIX, os escravos tinham suas áreas de atuação definida e suas vendas baseadas na agricultura de subsistência, fabricação, manufaturados e comercio, ficando restritos aos setores de baixo status da economia na época.



Hoje, século XXI, quem são os vendedores nas praças, calçadas e ruas? Hoje quem são os escravos modernos e ambulantes, camelôs, crianças, famílias inteiras de rua que transitam por estes espaços. Como são as novas performances do cotidiano urbano do Rio, de circulação de informações, de lazer, de ordem e desordem? Como são e onde estão esses momentos de transgressões espetaculares? As performances foram se adaptando aos novos mundos sociais que por sua vez foram sendo definidos por novas convenções e estabeleceram outro caráter na ocupação destes espaços. Infelizmente, os negros ainda têm uma "subsistência" mínima garantida nas ruas, praias e camelódromos do Rio de Janeiro. Mas o espetacular das ruas e praças está caminhando na mesma linha do que a tradição e da profissionalização do espaço publico, tanto para artistas e pequenos comerciantes informais. Ainda hoje, esse espaço parece estar restringido ao baixo status da economia e da arte das cidades, aonde ainda se tem a perseguição que a polícia faz com freqüência aos ambulantes e artistas, com um suposto “Choque de Ordem”. O artista Martenze Marte, que faz estatua viva, declarou: "Em tempo de paz qualquer pessoa tem o direito de ir e vir com os seus bens e sua arte dentro do que está escrito no artigo 5, parágrafo 9 da Constituição Brasileira”. Este é um exemplo do atual povo de rua que habita os espaços urbanos. Não são mais escravo de ganho, mais são os camelôs, feirantes e artistas os legítimos co-autores da história urbana de um país chamado Brasil.




Martenze Marte


Óculos Madame, na minha mão é mais barato!!!!!!!


É promoção!!!! É pra mocinha!!!!!


Original!!!!!