terça-feira, 15 de novembro de 2011
Na Arena do Itaú Cultural...
domingo, 28 de agosto de 2011
Começa a Semana Rumos Teatro!
O Imaginário e Será O Benidito?! |
A semana Rumos Teatro foi oficialmente aberta no dia 26.08.11, sexta-feira, às 20h, pelo ensaísta e professor de arte, tecnologia e cultura Laymert Garcia dos Santos, com sua fala sobre “Teatro, Mito, História e Tecnologia. Considerações sobre a Atualidade da Articulação entre os Quatro Termos”.
pesquisa Florestas e Antas, Experiências Teatrais – Em Busca de um Teatro Possível
18h
com Grupo de Teatro Celeiro das Antas (DF) e Teatro Experimental de Alta Floresta (MT)
sala Itaú Cultural 247 lugares
[indicado para todas as idades]
pesquisa Salsichão no Boquerão/Tainha na Prainha
[distribuição única de ingressos às 19h30]
20h
Erro Grupo (SC) apresenta Seminar Pornosuspense
piso térreo
21h
Cia. Silenciosa (PR) apresenta El Gran Cabaret Porno
piso térreo
[indicado para maiores de 18 anos]
sábado, 27 de agosto de 2011
Ensaio Olha O Dado.

Para esse ator, tudo é estímulo para o seu jogo. Ele é ator, autor, diretor, produtor, contraregra de seu trabalho. E, muitas vezes, é tudo isso ao mesmo tempo de acordo com as necessidades da rua. A demanda da rua acaba por determinar as necessidades deste trabalho do cameloturgo. A rua é viva. Pulsante.

E o cameloturgo com as suas múltiplas antenas capta e muda os rumos do trabalho – sem perder a essência - de acordo com as necessidades vindas do público; a mulher apressada que corta a roda sem se dar conta da apresentação: A senhora tem dado em casa? Além de inusitados acontecimentos – o bailarino que repentinamente adentra a cena - Música de Ballet para ele bailar! Além dos múltiplos sons da cidade que a qualquer momento podem interferir - como os quatro helicópteros que sobrevoavam os céus do Recreio dos Bandeirantes. Eles vieram me homenagear. Ou o badalar dos sinos da igreja na praça em que se apresenta: é o sino anunciando a próxima cena.
O cameloturgo está no espaço público, no espaço de todos. Não só dele. Ele reparte o espaço com o restante da população; com o passante, o gringo, o mendigo, a moça, o bêbado, o casal, o trabalhador, a criança. E fala de perto ao coração de cada um. Olha no olho de cada um. Chama-os pelo nome. Brinca com cada um. È nesse instante – através do humor - que começa a ter com cada pessoa uma relação próxima quase de cumplicidade, ao adquirir a confiança deles, começa a trazê-los para a roda.
E uma grande roda vai-se formando com a participação espontânea de cada anônimo que adquire uma identidade e uma cidadania plena ao estabelecer com a rua e com os outros cidadãos uma relação igualitária, através do humor e da brincadeira.
Evocação do Recife

Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.
Manuel Bandeira.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011
CAMELOTURGIA





A criação e a construção dessa cameloturgia está sendo feita ao longo de alguns milhares de anos e já faz parte do imaginário e da cultura oral da humanidade. É trabalho e pesquisa de vários artistas e trabalhadores das ruas e praças por todo o mundo. Todos, inconscientemente, caminham para a mesma direção e buscam a valorização e a perpetuação dessa cultura milenar.

Evoé!!!!
Inté!!!!!
terça-feira, 23 de agosto de 2011
O CHAPÉU

Os artistas que estão nas praças, ruas e feiras do mundo, não contam com o aparato das salas. Eles só contam com a sua relação de afeto e de estabelecer confiança e conquistar a platéia até o fim da apresentação, sem que eles partam no meio do espetáculo, show, performance ou qualquer uma das formas de expressão artística que habitam as cidades.
O chapéu é a contribuição afetiva do publico e uma forma de participar e dizer que gostou. A valorização do artista de rua se faz também através da generosidade do publico, que não paga para entrar, mas oferta o quanto pode para dizer que gostou e que dentro do que lhe é possível gostaria de pagar pelos instantes de felicidade e entretenimento ofertado pelo artista. Algo que só na rua é possível. O artista de rua não é um pedinte. Ele oferece a sua arte para a cidade e como qualquer outro profissional, tem sua função no quadro social e ele tem que receber por isso. Tem suas contribuições tributarias e sua sobrevivência diária como qualquer outro profissional. É a relação da troca que estabelece seus ganhos ou perdas. Se não houver troca de afeto, confiança, cumplicidade, não tem o retorno, pois não se estabelece a roda. Então não tendo publico ele não recebe
O povo brasileiro é o mais alegre, generoso e solidário do mundo. A arte de rua só afirma o que digo, pois esse mesmo povo contribui com o que tem. Já presenciamos caso de valores altos a moedas de pessoas de classes e situações de vida diferentes. Pessoas que para a arte de rua não importa sua origem ou condição, é publico. Distinta das suas classificações sócias, elas querem contribuir e se sentem bem em retribuir com o que pra ela é “muito de nada” ou “pouco de muito”.


As maiores dificuldades para o artista de rua ainda são a arrecadação e a chuva. Para a chuva ainda não temos a solução. Porém para a arrecadação, já estão surgindo varias formas, estratégias e possibilidades de rentabilizar e engordar o chapéu. A forma tradicional de esperar o final do espetáculo, já não é o melhor momento, pois com a vida corrida e a hora apertada, boa parte das pessoas não fica até o final. Mas verdadeiras estratégias vão surgindo e sendo testadas. Alguns artistas trabalham com a dita “Bilheteria aberta”, aquela que o espectador pode contribuir a qualquer momento do espetáculo. Tem quem agregue valores a produtos e ao espetáculo, como exemplo: dentro da apresentação tem um numero com Malabares, essas mesmas bolinhas são oferecidas como produto e ainda no final, se ensina a jogar as bolinhas. Tem outros valores agregados, como bonecos artesanais fabricados pelos próprios artistas, adesivos, camisetas com a estampa do grupo ou espetáculo, CD’s com a trilha sonora ou piadas do show e para quem pode produzir, o DVD com a apresentação que o publico acabou de assistir. Tem quem goste de presentear a platéia como sedução, exemplo: quem coloca uma nota de um valor especifico ganha um brinde, que pode ser pulseira, chaveiro, adesivo, nariz de palhaço ou qualquer lembrança que tenha co-relação com o artista ou com o que se apresenta. Sendo assim, o publico não só contribui com o tradicional chapéu, como leva uma lembrança do espetáculo ou do artista para sua casa.

Fica uma sugestão. Na divulgação dos espetáculos vários espetáculos colocam em suas filipetas, faixas, banner e email de divulgação as seguintes frase: “Apresentação Gratuita”, “Entrada Franca” ou “Espetáculo Grátis”. No lugar dessas frases, que indicam que o publico não pagaria nada para assistir, pode surgir substitutos que indique que o publico pode contribuir e pode participar com algum valor. Afinal de contas estarmos na rua tem um preço e o nosso trabalho não é de graça. A sugestão é: coloquem frase que indicativas como “Bilheteria Espontânea”, “Contribuição Afetiva” ou “Bilheteria Aberta”. Essas frases são somente sugestões de varias possibilidades que cada artista, coletivo ou grupo pode achar para divulgar que a sua arte não é sem valor ou que ao oferecer seu trabalho o artista espera reconhecimento também financeiro. Recentemente usamos em uma filipeta de divulgação uma dessas frases, o que prontamente foi compreendido com muito bom humor por que recebia a filipeta e o que gerou um bom resultado no chapéu.

Estimular o publico a compreender e a respeitar o oficio da arte de rua é importantíssimo. Pois é uma arte tão fundamental para a desobstrução das artérias das cidades que pulsam sem parar pessoas com suas imperfeições, anseios e sonhos.


“As maiores dificuldades para o artista de rua é a arrecadação e a chuva”.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
10 Possibilidades de Uma Boa Cameloturgia.

Como parte da pesquisa, vamos tentar chegar a 10 caminhos para estabelecer a Cameloturgia. Falaremos em possibilidades, pois usar os termos regra ou passos a passo pode restringir a investigação e o processo de pesquisa de cada coletivo ou individuo que queira trabalhar ou exercitar as possibilidades cênicas da Cameloturgia.
1. Um bom Produto/Espetáculo;
2. Bons Argumentos/Cenas;
3. Fazer um esquenta ou quebra gelo com o Cliente/Publico;
4. Estabelecer uma relação de confiança e de troca com o Cliente/Publico;
5. Ter um roteiro ou argumentos flexíveis para saber por onde começar ou terminar a apresentação;
6. Conhecer bem o produto/espetáculo, os argumentos/cenas e saber pra quem esta falando;
7. Deixar que eles estabeleçam o ritmo, a dinâmica e até onde pode ir a troca;
8. Estar atento aos estímulos, as necessidades e as demandas que surgem para transformá-los em possibilidades de troca;
9. Se possível oferte algo aos participantes diretos para estimular a troca e gerar um bom retorno na Receita/Chapéu;
10. Alcançar o resultado final que é a satisfação do publiente, sendo bom para você e ótimo para eles.
Essas são 10 possibilidades, de muitas, para se estabelecer a Cameloturgia. Lembrando que isso é uma pesquisa artística teatral, então não podemos falar como se fossem regras ou um conceito fechado de arte. Não vamos afirmar nada que não se afirma. Acreditamos que arte é parte do ser humano e por isso não podemos estabelecer o que é certo ou errado, para o que está sempre em constante transformação.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Tradição da Oralidade.
Com a proximidade dos dias dos pais aflorou o sentimento paterno que normalmente nos acomete nessas datas. Pedro tem 6 anos, e já é considerado – por ele mesmo e por nós – integrante da Companhia. Recentemente ele nos despertou uma reflexão que não tínhamos nos dado conta. Com o pensamento e os olhos voltados para a pesquisa e a rotina de trabalho, não tínhamos percebido que aproximadamente a 3 anos e indiretamente, já começávamos a maior e melhor pesquisa sobre a oralidade.
Com 3 anos de idade Pedro – filho de André Garcia Alvez e Ludmilla Silva – já desenhava a sua vontade de experimentar a brincadeira dos pais. Um dia depois de uma apresentação, deixamos os figurinos em um canto secando. Ele foi bem devagar, sem que ninguém visse, vestiu a camisa, o chapéu de palhaço e pegou o pandeiro do pai e começou a repetir baixinho as frases, piadas e musicas do espetáculo que ele já tinha assistido uns 2 anos seguidos de seus 3 anos de vida.


A surpresa foi geral, pois nunca ninguém tinha pedido para ele fazer aquilo, falar aquelas frase ou até mesmo pedido para vestir as roupas. Todos ficaram surpresos. Assim que se deu conta que fora descoberto, não se intimidou. Viu que consegui formar uma platéia pequena de parentes e amigos e voltou a repetir alto para quem assistia o que antes falava baixo e sozinho. Esse momento foi realmente inesquecível para todos nós.
Alguns dias passaram e esse episódio foi comentado com o Pirajá, amigo e professor nosso, que é professor da Escola Nacional de Circo e é de família tradicional circense. O pai do Pirajá, o “Seu Agostinho”, também foi um grande amigo e professor da Companhia. Bom, o fato é que esses senhores já há alguns anos, estão sempre diretamente ligados a nossa pesquisa circense. Sempre que eles passam a sua técnica e sabedoria par algum dos integrantes da Companhia, a arte milenar do Circo se mantém viva. Quando Pirajá soube que o Pedro já estava se assanhando, ele nos passou algumas entradas e algumas reprises para ensinarmos a ele.
Logo na mesma semana, quando o Pedro recebeu a visita de um parente, ele quis fazer e mostrar a brincadeira nova. Mais uma platéia conquistada.
A Companhia, junto com outros amigos artistas, coordena o projeto Boa Praça Encontro. Esse projeto é um excelente espaço de experimentações e estréias para arte de rua. O Pedro, quase dois meses depois das primeiras brincadeiras e de alguns pedidos para se apresentar no Boa Praça, surgiu a oportunidade de atender o pedido. Ensaiamos, providenciamos o figurino e marcamos a data. Ele estava eufórico para participar, ao lado do seu pai de uma apresentação.
Pois é, essa apresentação aconteceu em Maio de 2009. De lá pra cá já foram algumas outras tantas que já nem sabemos quantas ele já fez ou qual teria sido a melhor apresentação.
Hoje em 2011, ele está iniciando a sua alfabetização. Só agora é que percebemos que ele decorou falas, sabe marcas e ainda improvisa com o tema e volta para o roteiro, sem nunca ter lido uma linha desse roteiro.


Viva o Teatro de Rua !!!!!!
Viva a Cultura Nacional !!!!!
Viva a Tradição da Cultura Oral !!!!!!!
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Varadouro - ensaio aberto
Semana Rumos Teatro
atendimento@itaucultural.org.
pesquisa A Oralidade e a Cameloturgia − Uma Pesquisa Cênica do Porto ao Rio
18h
Será o Benedito? (RJ) apresenta Olha o Dado
rampa do metrô do Centro Cultural São Paulo
[indicado para todas as idades]
O Imaginário (RO) apresenta Varadouro
20h - 1ª sessão
20h45 - 2ª sessão
arena 90 lugares
[indicado para maiores de 16 anos]
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
NA ENCHENTE DO RIO A ENCHENTE DE GENTE.
Quando o rio enche, os cardumes de peixes sobem o rio a deslizar, contra a correnteza, a remontar o rio, a transpor em saltos impressionantes corredeiras e até pequenas cachoeiras, em busca de águas tranqüilas. A Piracema, tupi-guarani pirá hecê piraquã ou melhor, pirá apuã hecê1. “Avenida de pescado” no dicionário de Montoya2.
A “gente” também se acomete como os peixes em busca da salvação, do ganha pão. Ganhando terra, ganhando chão, abrindo trilha, subindo o rio, varando o seu destino. Vias de vidas, vidas pelos caminhos.
1 Pirá – peixe; hecê – saltar; piraquã – cardume; apuã – subir; hecê – aos saltos
2 Padre Antonio Ruiz Montoya (1876)
Leo Carnevale
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
A Humanidade Busca Caminhos
Leo Carnevale
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Imersão nas Estórias, na Sala d'O Imaginário
A convivência com as pessoas de cada localidade da margem do Rio, da ferrovia e da mata, descendentes ou não de famílias que ali estiveram no inicio de sua ocupação, especialmente durante o Ciclo da Borracha, nos proporcionaram uma visão do humano, do drama, das ações e da realidade social. Nosso foco eram os traços culturais: as crenças, os costumes e os diferentes tempos da vida.
Fotos: Arquivos O Imaginário |
terça-feira, 12 de julho de 2011
Um Caminho Amazônico - Varadouro
Estrada ou via de condução de um lugar a outro.
Este caminho os levava de casa ao trabalho, a pesca, ao lazer, aos mistérios, as festas, a reza.
Fotos: Arquivos O Imaginário |
Depois de tanta viagem agora nos debruçamos com mais intensidade no material recolhido.
Muitas coisas pra olhar nessa imensidão de rios e matas e trilhos.
E vamos nós, varadouro a dentro.
Abrindo passagem de facão, voadeira ou locomotiva.
Viva a vida! Viva!
*Dic. Aurélio – S. m. Brasileirismo Amazônico, Caminho.
Leo Carnevale