Viajamos mais uma vez ao seringal de Santa Catarina para recolher outras impressões e histórias para a pesquisa sobre a oralidade. Existem poucas casas e poucas famílias. Quase todos são parentes.
Sozinho, entrei no meio da mata onde se esconde o tumulo do Barão Abelha. Na comunidade dizem que foi o dono do seringal na época dos coronéis de barranco. “Na mata um silêncio rodeado de ruídos.” As árvores imponentes. Muitos mistérios. Duas semanas antes de chegarmos, soube depois que entrei na mata, mataram uma onça que rondava a comunidade, comendo as galinhas, um risco a vida dos adultos e crianças. Pensei, o que fazia naquela mata sozinho.
Uma força me impelia para lá. Quando estava lá dentro, dava vontade de continuar seguindo e seguindo sem parar, como se hipnotizado pelas diversas cores, o verde, o marrom, muitos verdes e muitos marrons. As cores se misturam em vários tons.
Voltei ao centro da comunidade onde encontrei com os companheiros. De lá pegamos um barco e fomos a te a cachoeira onde a filha deste barão, conta a lenda, se escondeu depois que seu pai proibiu o namoro com um homem que saiu da mata não se sabe vindo de onde.
Percorremos um caminho por um igarapé até chegar num lago, depois caminhamos mais um pedaço no meio da mata, e logo a cachoeira se desvenda por trás das árvores. Ao avistá-la, fomos tomados por um espanto. A luz do sol por entre a mata brilhava no espelho d’água que corria entre as pedras.
Na pedra, marcas de que alguém esteve sentado ali há muito tempo. Um mistério guardado na floresta. Num tempo de Barões de seringais.
Leo Carnevale
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