quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CAMELOTURGIA

“A RUA E A CENA”

A arte de rua e o camelo estão ligados diretamente na formação da cultura urbana da humanidade. Essas duas artes estão ligadas em suas essências, pois seja nas feiras, praças, calçadas ou camelódromos vai ter sempre um vendedor/artista ou um artista/vendedor, fazendo uma Performance Urbana do Cotidiano. Essas peformances são estabelecidas dentro de um roteiro afetivo e de percepção, aguçando a curiosidade dos que passam e mantendo os que já estão parados assistindo por horas as suas promessas, ofertas, novidades e divertimentos. Assim, com essa relação estabelecida que é verdadeira, intensa, pulsante e de risco surge a cameloturgia.

O Cameloturgo é o dramaturgo das suas historias e de sua arte/produtos. Com os eternos e atraentes bordões, verbetes, brados e trovas que soam pelas praças, calçadas, feiras, camelódromos, mercados centrais e nas ruas das cidades brasileiras que se repete e se reinventam a cada instante e cada relação estabelecida. Sendo com um roteiro pensado e elaborado com as características do produto que se oferta ou um roteiro de idéias ou cenas que são criadas a partir de uma arte, o que se faz na rua é um cameloturgia. Quando se tem na assistência, uma platéia sempre participativa e próxima vivendo ou comprando a ideai ou mensagem que está sendo transmitida direta e sem intermédios externos, se instaura a arte e comunicação.

Assim como nas feiras medievais - aonde transitavam milhares de pessoas - os centros urbanos de hoje estão mais populosos, frenéticos, barulhentos e apressados pelo poder do relógio. Nessas condições, o Cameloturgo tem que ter um poder de encantamento, sedução e de verbo muito maior que dos seus antepassados ou contemporâneos. Tendo sempre que estimular e aguçar a curiosidade do publiente (publico e cliente) com a sua arte e ou produto, ele usa com total maestria muita comicidade, sensualidade, improviso, saltos e trocadilhos diversos criando assim a base da cameloturgia.


Nesse grande "Teatro Rústico" das artes de rua três elementos sempre marcaram e delimitam o acontecimento dessas performances urbanas. Teremos “o que fala”, “o que para e escuta” e “o que se oferta”. Nem por isso vai ser menos espetacular e menos valoroso do que qualquer outra arte. Seja o Camelo, o Saltimbanco, o Curandeiro, o Musico, o Circense, o Repentista, o Capoeirista, o Mágico ou um bom contador de histórias, terá sempre uma linguagem estética de cena com base no camelô de rua e na dramaturgia popular. O roteiro, as cenas e a dramaturgia vão ser fragmentadas e de improviso.


A criação e a construção dessa cameloturgia está sendo feita ao longo de alguns milhares de anos e já faz parte do imaginário e da cultura oral da humanidade. É trabalho e pesquisa de vários artistas e trabalhadores das ruas e praças por todo o mundo. Todos, inconscientemente, caminham para a mesma direção e buscam a valorização e a perpetuação dessa cultura milenar.

Essa é uma arte que vem diretamente do povo e volta sempre para o povo. Não podemos catalogá-la somente como arte de rua, performance, teatro, intervenção, performance, saltimbancos ou cameloturgia. Está e vai continuar em constante desenvolvimento. Não é uma pesquisa conclusiva, mas sim uma pesquisa reflexiva sobre o tema. Podemos e devemos pensar na arte de rua como uma arte maior ou melhor como a “Arte das Possibilidades”

Axé!!!!!

Evoé!!!!

Inté!!!!!

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